Hoje é o dia das eleições 2008

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MEU PENÚLTIMO ARTIGO DO ANO

segunda-feira, 24 de dezembro de 2007

POMBAL + FEST = ANTICULTURA?


Quando o então vereador Luizinho Barbosa tomou assento na Casa Avelino Elias de Queiroga (legislatura 2001-2004) teve uma idéia: realizar, em parceria com a Prefeitura de Pombal, um evento de caráter recreativo, objetivando fomentar o congraçamento da classe estudantil pombalense onde todos os estudantes sairiam em um só bloco num momento de diversão e alegria, evento este que seria denominado Folia Estudantil. Seria o que poderíamos chamar de “a nova” micareta pombalense (pois antes existia a Micabal; a última realizada em 1997).

Dessarte, foi enviada a proposta para o executivo municipal, a qual, de forma sumária, foi rejeitada. Até aí tudo bem, pois o que fora alegado era a necessária contenção de gastos públicos. Porém, alguns anos se passaram e como num passe de mágica surgiu o Pombal Fest. Todos sabem o que é o Pombal Fest, não é verdade?

O Pombal Fest é a micareta (festa carnavalesca fora da época do carnaval) de Pombal, realizado anualmente em julho, mês em que é comemorado o aniversário da nossa cidade. A festa tem como ponto alto o desfile do Bloco Pina, com a apresentação de trios elétricos, tendo como destaque atrações de renome nacional. É uma festa contagiante aonde pessoas de vários locais do nordeste vêm a nossa cidade prestigiar o evento, visitar a Terra de Maringá, bem como, também é uma oportunidade de rever os familiares e amigos que aqui estão. A festa além de proporcionar a alegria pelo encontro dos velhos amigos, também, indubitavelmente, faz circular no município uma grande volume de capital que, de alguma forma, reflete no orçamento familiar de muitos pombalenses, além de gerar divisas em impostos para os cofres públicos do município.

Na realidade, o Pombal Fest é um grande plágio do projeto Folia Estudantil, proposto anteriormente por Luizinho Barbosa, logicamente com algumas ressalvas. Intrinsecamente, o Pombal Fest é nada mais que uma festa política; um palanque em que muitos tentam aparecer, bem como dar a oportunidade para que seus correligionários se façam presentes, garantindo assim uma propaganda política disfarçada. Festa “política” não há de ser negado esse adjetivo pela incontestabilidade de que se perfaz. Inicialmente pela própria nomenclatura da atração principal, o “Bloco Pina”, que, na realidade, como é de conhecimento notório, é uma abreviação do nome “Pinaracas”, que foi o apelido dado aos eleitores do então candidato Verissinho (pseudo-idealizador do evento) em tempos de campanha eleitoral, em contraposição aos “Paruaras”, grupo dos apoiadores do candidato Geraldinho. E a bem da verdade é que, habilmente, isto foi escondido do público.

É interessante notar que Pombal é uma das poucas cidades do nordeste (devem existir outras) em que é raalizada uma micareta sem haver, contudo, um carnaval em seu calendário festivo.
Não que eu seja contrário ao Pombal Fest, pois vejo que as benfeitorias trazidas pelo evento à cidade são, indiscutivelmente, bem maiores que as malfeitorias, mas acho que deveria ser diferente.

Enquanto brincamos e nos divertimos, esquecemos, em parte, nossa cultura e nossa história. A centenária Festa do Rosário de Pombal, evento de cunho cultural, religioso e profano, idealizada pelo negro Manoel Cachoeira, celebrada pela primeira vez em 1895 (112 anos), está fadada ao abandono pela classe política e pela sociedade. O Reisado, os Congos e os Pontões, em seus cordões, o azul e o encarnado, devem, sim, unirem-se num só bloco: o Bloco do Preto, representando o luto e o sinal de protesto a todo esse descaso cometido pelos políticos desta Terra.

Enquanto nos divertimos, termos como memória, respeito, patrimônio, cultura e história estão perdendo seus reais significados em nossa cidade. Estão sendo substituídos por política barata, a política do “pão e circo”, a mesma que era praticada em Roma Antiga, onde o imperador, objetivando esconder os problemas enfrentados pela cidade, dava ao povo diversão. E não venha dizer-me que isto não está acotecendo, porque estou cheio de ouvir a cada dia novas desculpas.
Quem realmente sabe o que representa Pombal para a cultura do Brasil, sabe o retrocessso cultural que é ocasionado pelo Pombal Fest, da forma como está sendo realizado, à cultura de Pombal.

O que tem se repassado principalmente por parte dos aliadados de algumas lideranças políticas é que o evento é um grande marco, que deve ser lembrado, doravante, com uma perfeição que só os “puros de coração” podem realizar.

Cidades próximas a nossa lecionam muito bem a lição: como João Pessoa, que não há de se falar na Festa de Nossa Senhora das Neves sem se falar em Micaroa, e, igualmente, a cidade de Patos, que não pode ser indissociado o tradicional São João e festa de sua padroeira. Fazendo o rápido uso da racionalidade humana, vejo que o objetivo do Pombal Fest não foi a criação de uma festa de entretenimento para a população em geral, mas a promoção político-pessoal de algumas pessoas que refundaram-na com uma nova nomenclatura tentado tão somente a auto-afirmação, movido, pelos princípios da prática fisiológica.

O Pombal Fest deve continuar, pois, afinal, virou festa “tradição” em Pombal, mas de forma alguma deve ser idealizada meramente por questões político-partidárias, mas tendo em vista os destinatários dela, qual seja, o POVO POMBALENSE, razão de ser da Terra de Maringá, e não como pensam alguns: “PARA OS QUE VOTAM EM MIM”.

Por Shalako Tavares

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