Hoje é o dia das eleições 2008

Hoje é o dia das eleições 2008

ETERNAMENTE JAIRO - por Romero Cardoso

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

Difícil compreender por quê os bons morrem cedo, pois inúmeros exemplos comprovam isso, como as desditas e tragédias de Castro Alves, Noel Rosa, Chico Science, entre outros que trilharam jovens demais os caminhos da eternidade. Janser Nóbrega de Araújo e Jairo Vieira Feitosa exemplificam em Pombal passagens recentes para o além, ambos em pleno vigor jovial, ambos vítimas de trágicos acidentes automobilísticos.

Jairo vinha se destacando como verdadeiro fenômeno político na terra de Maringá, vencendo primeiro pleito eleitoral no qual lançou candidatura. Militante ativo do Partido dos Trabalhadores, o jovem prefeito logo passou a enfatizar os fundamentos de sua filosofia, cuja opção pelos extratos mais necessitados da população ficou estabelecida desde dos primeiros dias frente ao executivo do antigo arraial de Nossa Senhora do Bomsucesso do Piancó.

Esse posicionamento franco e necessário despertou em diversos momentos a indisposição da base aliada formada a fim de viabilizar sua candidatura e posterior sucesso de sua eleição. O reacionarismo e a intransigência da minoria privilegiada, quando qualquer privilégio é ameaçado em favor dos subjugados e oprimidos, são marcas registradas na sociedade brasileira, do Oiapoque ao Chuí.

Jairo transformou a Prefeitura Municipal de Pombal, quando de sua gestão, em território da cidadania, acolhendo com simpatia e carisma todos aqueles que o procurava, atendendo-os como seres humanos dignos de respeito. O poder repentino não despertou nenhuma negatividade nos pensamentos, gestos e ações do jovem chefe do executivo pombalense, pelo contrário, recrudesceu-se a humildade enquanto marca indelével do ser humano Jairo Vieira Feitosa.

A luta contínua em prol do desenvolvimento de sua terra e de sua gente o tornou respeitado, tendo conseguido amplos respaldo e atenção do governo Petista instalado pelo povo no Palácio do Planalto, em Brasília/DF. Jairo conseguiu concretizar a aprovação de inúmeros projetos que beneficiaram a sofrida terra de Maringá, os quais alçaram a gente pombalense a degraus mais privilegiados. A instalação de campus da Universidade Federal de Campina Grande foi um dos mais sublimes momentos de sua apoteótica e curta carreira política. Sonho antigo, acalentado há tempo imemorial, a instituição de ensino superior que leva o nome do economista Celso Monteiro Furtado representa favoráveis perspectivas de implemento à evolução e ao progresso em razão que educação e cultura são mola-mestra da ascensão social de qualquer povo.

Imaginava que Jairo iria transformar seu governo em bandeira de nobres causas sociais, conhecia-o há bastante tempo, pois era meu primo, filho de minha prima Éster de João Felinto, prima duas vezes, pois a mãe era sobrinha de Éster de Nego Alexandre, ambos descendentes dos velhos troncos dos Cardoso D’Arão, e do estimado Zezinho Cabôco. Acompanhei suas conversas francas e sinceras, a forma como demonstrava interesse em buscar resolver problemas constrangedores que subjugam nossa gente traduzia-se na firmeza de seus diálogos, frases e palavras inteligentes, proferidos entusiasticamente aos seus amigos quando nem sonhava em se tornar o mais jovem prefeito da terra de Maringá.

Pragmatizou enquanto pôde os pilares do seu pensamento notável em prol do progresso e da melhoria da qualidade vida em nosso torrão natal. Talvez Jairo Vieira Feitosa tenha, mantidas as diferenças entre épocas, sobrepujado o marcante e notável governo de Sá Cavalcanti, no segundo lustro da década de trinta do século passado, quanto ao fomento a realização de importantes obras em Pombal.

Três anos, quatro meses e dezessete dias mais novo, a diferença pequena de idade não impediu que tivéssemos convivência salutar em Pombal, ele era convidado ilustre para freqüentar a territorializada Vila do Arco. Principalmente quando de suas freqüentes visitas à casa de dona Marcelina Junqueira, a famosa ruazinha pombalense se transformava em sua parada obrigatória, lócus de nossas animadas conversas que muitas vezes terminavam na Casa Forte, pois Jairo nos fazia acompanhá-lo até o famoso sítio localizado na zona rural.

Parece que a ênfase à boa ação administrativa tende a desagradar àqueles podados nos mínimos benefícios, os quais, embora exíguos e insignificantes alicerçam a manutenção do status quo. No estado do Rio Grande do Norte, em município chamado Grossos, localizado na Costa Branca, o jovem geógrafo Dehon Caenga, prefeito do lugar, foi vítima, juntamente com o motorista e parte da equipe administrativa, a qual escapou, embora com ferimentos graves, de intrigante emboscada montada pela Polícia Civil em cidade de nome Santa Maria. O jovem administrador foi varado por rajadas de metralhadoras, infelizmente tendo o mesmo destino também o condutor do veículo, ambos tiveram mortes instantâneas. Dehon, filho de Grossos, nascido na comunidade da Caenga, era destaque nos meios político-sociais devido à forma, firme e coerente, como vinha implementando suas ações administrativas.

Jairo Vieira Feitosa, nome para filhos e amigos de Pombal jamais esquecerem, pois, sinônimo de garra e determinação, assinalou capítulo épico na história recente do antigo burgo no qual a tétrica colonização efetivada pelos prepostos sob as ordens da famigerada Casa da Torre definiu a exclusão como fundamento à negação de cidadania à maior parcela da população, cuja continuidade manifesta-se vergonhosamente para suplício de um povo sofrido e ainda abandonado à própria sorte.


(*) José Romero Araújo Cardoso. Geógrafo (UFPB). Prof. Adjunto do Departamento de Geografia da Faculdade de Filosofia e Ciências Sociais da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte. Especialista em Geografia e Gestão Territorial (UFPB) e em Organização de Arquivos (UFPB). Mestre em Desenvolvimento e Meio Ambiente (UERN). Pombalense com orgulho. Amigo de infância e primo de Jairo Vieira Feitosa.

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